Hoje li essa bela
mensagem escrita por Rafael Coelho para seu Tio Osvaldo. Mesmo sem autorização
de Rafael, resolvi compartilhar com nossa gente. Afinal Petrolina é, em parte,
filha daquela casa.
"Há na minha
cidade uma casa, que quando criança sempre frequentei - e ela era grande, suas
portas estavam sempre abertas, nela se realizavam grandes almoços e jantares,
tantos se hospedavam, muita gente visitava, e nem sempre era possível entrar
saltando entre seu piso preto e branco, porque era comum encontrar suas salas
cheias! Depois me contaram que na casa, como era antigamente, muitos nasceram e
alguns morreram, e estes eram nossos protetores. Era a casa de Vovó!
Fui estudar, Vovó
faleceu enquanto estava fora, fiquei afastado da casa. Anos depois voltei e não
conseguia entender - a casa tão importante e grande da infância era pequena e
tão modesta, para caber tantos hóspedes, convivas e comensais. Aquele espaço
físico recebera presidentes, tantos governadores, inúmeros senadores, deputados,
prefeitos e vereadores, lideres do governo e da oposição, grandes empresários,
com apenas um banheiro para atender os hospedes dos 3 quartos do andar de baixo
e os convidados! Não respeitava o protocolo, nem a "liturgia do
poder"!
Agora entendo: a Casa
não é grande, nem é pequena - ela é imensa! Vovó e Vovô construíram um celeiro
que abrigou gigantes! Um mundo novo foi gerado deste lar. Na sua sala, está o
marco zero da estrada que liga Petrolina a Recife. Naquela casa nascem as
tomadas d'água dos projetos de irrigação, é lá a pedra fundamental da
Universidade, de todas as escolas técnicas. Nela começaram a girar as turbinas
de Sobradinho. Na sua mesa o sertão bebeu a água do São do Francisco e tantos
sertanejos transformaram seu destino pela educação e prosperidade. Ninguém saía
de lá sedento ou faminto! Era o lugar onde se aspirava e conspirava pelo bem e
prosperidade desta terra e da sua gente!
Fui tolo - em algum
momento pensei q a casa fosse importante porque recebera os poderosos. Mas
desde sempre tio Osvaldo entendeu que a força e a energia da casa não estava em
receber os poderosos, mas em acolher os necessitados. E assim ele cuidou para
que a Casa sempre tivesse suas portas abertas, e todos os que precisavam a ela
acorriam - e foram muitos milhares, sim milhares, ao longo do último século.
Tio Osvaldo foi
engenheiro e era o guardião da Casa e dos seus ideais - e esse mundo novo que
ali foi gerado, ele carregava sobre os ombros. E como Atlas que carrega o mundo
nas costas, suas mãos estavam sempre ocupadas, sobrava pouco tempo para cuidar
das suas coisas pessoais, e pouco tempo até para segurar a mão dos seus
próprios filhos.
Domingo, todos que
também nos sentimos filhos dessa Casa, ficamos órfãos - perdemos um
Gigante!"
Rafael Coelho - Sobrinho de Drº Osvaldo
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