quarta-feira, 4 de novembro de 2015

JULIO LÓSSIO AINDA SENTE A MORTE DE DRº OSVALDO COELHO


Hoje li essa bela mensagem escrita por Rafael Coelho para seu Tio Osvaldo. Mesmo sem autorização de Rafael, resolvi compartilhar com nossa gente. Afinal Petrolina é, em parte, filha daquela casa.

"Há na minha cidade uma casa, que quando criança sempre frequentei - e ela era grande, suas portas estavam sempre abertas, nela se realizavam grandes almoços e jantares, tantos se hospedavam, muita gente visitava, e nem sempre era possível entrar saltando entre seu piso preto e branco, porque era comum encontrar suas salas cheias! Depois me contaram que na casa, como era antigamente, muitos nasceram e alguns morreram, e estes eram nossos protetores. Era a casa de Vovó!

Fui estudar, Vovó faleceu enquanto estava fora, fiquei afastado da casa. Anos depois voltei e não conseguia entender - a casa tão importante e grande da infância era pequena e tão modesta, para caber tantos hóspedes, convivas e comensais. Aquele espaço físico recebera presidentes, tantos governadores, inúmeros senadores, deputados, prefeitos e vereadores, lideres do governo e da oposição, grandes empresários, com apenas um banheiro para atender os hospedes dos 3 quartos do andar de baixo e os convidados! Não respeitava o protocolo, nem a "liturgia do poder"!

Agora entendo: a Casa não é grande, nem é pequena - ela é imensa! Vovó e Vovô construíram um celeiro que abrigou gigantes! Um mundo novo foi gerado deste lar. Na sua sala, está o marco zero da estrada que liga Petrolina a Recife. Naquela casa nascem as tomadas d'água dos projetos de irrigação, é lá a pedra fundamental da Universidade, de todas as escolas técnicas. Nela começaram a girar as turbinas de Sobradinho. Na sua mesa o sertão bebeu a água do São do Francisco e tantos sertanejos transformaram seu destino pela educação e prosperidade. Ninguém saía de lá sedento ou faminto! Era o lugar onde se aspirava e conspirava pelo bem e prosperidade desta terra e da sua gente!

Fui tolo - em algum momento pensei q a casa fosse importante porque recebera os poderosos. Mas desde sempre tio Osvaldo entendeu que a força e a energia da casa não estava em receber os poderosos, mas em acolher os necessitados. E assim ele cuidou para que a Casa sempre tivesse suas portas abertas, e todos os que precisavam a ela acorriam - e foram muitos milhares, sim milhares, ao longo do último século.

Tio Osvaldo foi engenheiro e era o guardião da Casa e dos seus ideais - e esse mundo novo que ali foi gerado, ele carregava sobre os ombros. E como Atlas que carrega o mundo nas costas, suas mãos estavam sempre ocupadas, sobrava pouco tempo para cuidar das suas coisas pessoais, e pouco tempo até para segurar a mão dos seus próprios filhos.


Domingo, todos que também nos sentimos filhos dessa Casa, ficamos órfãos - perdemos um Gigante!"
Rafael Coelho - Sobrinho de Drº Osvaldo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário