Com a simpatia do ex-ministro Tarso Genro, 26 deputados federais do PT discutem o desembarque coletivo do partido após as eleições municipais de outubro. Esses descontentes representam quase a metade da bancada do PT hoje em exercício na Câmara de Deputados: 57.
O movimento inclui nomes como os de dois ex-presidentes da Casa —
Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS )— e da ex-ministra Maria do Rosário
(RS). A desfiliação começou a ser organizada no segundo semestre de 2015, tendo
como ponto de partida a criação da tendência Muda PT, que somava 35 deputados à
época.
Originalmente, esses insatisfeitos se valeriam de uma janela aberta para
que parlamentares deixassem seus partidos sem perda de mandato, mas essa brecha
foi fechada em 31 de março.
A saída não foi explorada por causa do avanço do processo de impeachment
de Dilma Rousseff no Congresso. Com o risco de afastamento da presidente, os
petistas tiveram que concentrar seus esforços na defesa do mandato de Dilma.
Daí a decisão de retomar o debate após a corrida municipal.
Até lá, será possível mensurar os danos sofridos pelo partido e suas
perspectivas para as eleições de 2018.
"Nossa prioridade é defender o governo", afirma Maria do
Rosário.
Segundo articuladores do movimento, o ex-líder do governo Henrique
Fontana (RS) também integra o grupo numa aliança com Tarso Genro.
No Rio Grande do Sul, Tarso organiza a criação de um novo partido, que
poderia servir de porta de saída para petistas desiludidos com a atual direção
da sigla.
Deputados estaduais gaúchos ligados a Fontana já avisaram a seus
apoiadores a decisão de sair do PT depois das eleições. A hipótese foi aventada
numa reunião com Tarso há cerca de 20 dias.
"Alertei nesta conversa que agora nossa tarefa é enfrentar o
impeachment. E que só depois das eleições municipais esse assunto teria
pertinência", afirma Tarso, sem descartar a possibilidade.
Fontana, no entanto, nega qualquer articulação: "Estou filiado ao
PT há 27 anos e desautorizo qualquer especulação em meu nome".
Petistas ligados ao movimento temem que a explicitação de seus nomes
prejudique a defesa do governo Dilma, num momento tão decisivo. Eles alegam que
a maior fonte de descontentamento está nos caminhos escolhidos pelo partido
desde a explosão do escândalo do mensalão. Os descontentes criticam práticas
adotadas pela tendência CNB, que controla a sigla.
Fonte: Folha de S.Paulo
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