sexta-feira, 9 de outubro de 2015

DEPUTADO DA "BANCADA DA BALA" GERA POLÊMICA AO PROPOR QUE "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO"


Membro da Frente Parlamentar de Segurança, a denominada “bancada da bala”, o grupo político no Congresso Nacional e nas Assembleias Estaduais formado por militares, policiais e simpatizantes do regime militar de 64, que tem o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) como principal liderança, o deputado estadual e policial militar Joel da Harpa (PROS) – reformado da PMPE – gerou polêmica e recebeu a oposição de todo o plenário, nesta quarta-feira (07), ao fazer a apologia da frase “bandido bom é bandido morto”.

Integrante, também, da bancada evangélica ma Assembleia de Pernambuco, o deputado militarista defendeu a violência como instrumento de ação da Polícia Militar para combater a criminalidade, recorrendo a frases de efeito para argumentar e justificar a posição nacional da “bancada da bala”. O discurso foi motivado por matérias da imprensa denunciando episódios de violência e de atos de extermínio por parte de grupos policiais.

Joel da Harpa utilizou a pesquisa do Instituto Datafolha, para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que identifica a concordância de 50% da população com a frase “bandido bom é bandido morto” para respalda o pronunciamento. “Percebo a tentativa de alguns hipócritas de expor alguns casos isolados para sujar a imagem que tenho desses profissionais (policiais) que tanto têm contribuído para o nosso País”, destacou o deputado.

No discurso explosivo, o deputado, eleito com apoio da corporação, afirmou que “a ausência” de políticas públicas, principalmente na área da educação, “tem levado parte da sociedade a viver sem perspectiva”, acreditando ser essa situação “um dos grandes motivos para que o Brasil seja um celeiro de marginais”. Ao acusar a falta de investimentos dos governos nas organizações policiais como outro grande motivo para a insegurança, Joel assinalou que “não admite” tolerância da polícia com a criminalidade. “Polícia tem o limite de sua tolerância, caso contrário, não é polícia, e bandido tem que levar é bala na cara pra pensar duas vezes antes de ser bandido”, exaltou.

O pronunciamento recebeu a reprovação até da bancada evangélica, da qual Joel é integrante, tendo parlamentares governistas e oposicionistas, na Casa, formado fila para repudiar os termos e condenar o pensamento militarista. “Sou uma educadora, não posso aceitar a apologia à violência, numa sociedade que já desrespeita os direitos humanos. Polícia é para proteger o ser humano”, protestou a petista Teresa Leitão. “Isso é fazer apologia à violência policial. No Estado democrático de direito, todos têm direito à defesa e ao contraditório”, reparou Edilson Silva (PSOL).

Delegado de polícia aposentado e ex-secretário de Segurança do Estado, o tucano Antônio Moraes definiu como “muito perigosa” a argumentação do deputado da “bancada da bala” e um risco para o controle das corporações policiais. “Já há episódios de grupos de extermínios, que sabe-se como começa, mas não se conhece o fim, e são difíceis de desarticular. Matam bandido, depois matam o cidadão e terminam no crime, assaltando e traficando”, lembrou Moraes. “Espero que o senhor, se não renovar o mandato, não volte a ser policial, porque me causa grande preocupação esse pensamento. Jamais defenderei o direito do Estado tirar a vida de ninguém”, lamentou Rodrigo Novaes (PSD).

Cuidadosos nas palavras, os evangélicos igualmente condenaram a apologia à violência. “Não concordo com tese de exterminar bandido. Sou cristão, defendo a vida”, reparou André Ferreira (PMDB). “O que devemos debater são situações que mudem a vida das pessoas”, aconselhou Cleiton Collins (PP). “Por trás do bandido também tem uma família. Há possibilidade de recuperação. Há entidades que trabalham com a ressocialização. Eu acredito que o ser humano é capaz de se ressocializar”, ponderou Professor Lupércio (SD).


Originário da Polícia Civil, Eriberto Medeiros (PTC) pediu mais clareza do colega de profissão e propôs outro discurso. “Seja mais claro. O senhor está defendendo que a polícia mate bandido nas ruas? O que se deve fazer é melhorar as condições dos presídios. Neles não há recuperação”, sugeriu o comissário de polícia.

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