Membro da Frente Parlamentar de Segurança, a denominada “bancada da
bala”, o grupo político no Congresso Nacional e nas Assembleias Estaduais
formado por militares, policiais e simpatizantes do regime militar de 64, que
tem o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) como principal liderança, o deputado
estadual e policial militar Joel da Harpa (PROS) – reformado da PMPE – gerou
polêmica e recebeu a oposição de todo o plenário, nesta quarta-feira (07), ao
fazer a apologia da frase “bandido bom é bandido morto”.
Integrante, também, da bancada evangélica ma Assembleia de Pernambuco, o
deputado militarista defendeu a violência como instrumento de ação da Polícia
Militar para combater a criminalidade, recorrendo a frases de efeito para
argumentar e justificar a posição nacional da “bancada da bala”. O discurso foi
motivado por matérias da imprensa denunciando episódios de violência e de atos
de extermínio por parte de grupos policiais.
Joel da Harpa utilizou a pesquisa do Instituto Datafolha, para o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, que identifica a concordância de 50% da
população com a frase “bandido bom é bandido morto” para respalda o
pronunciamento. “Percebo a tentativa de alguns hipócritas de expor alguns casos
isolados para sujar a imagem que tenho desses profissionais (policiais) que
tanto têm contribuído para o nosso País”, destacou o deputado.
No discurso explosivo, o deputado, eleito com apoio da corporação,
afirmou que “a ausência” de políticas públicas, principalmente na área da
educação, “tem levado parte da sociedade a viver sem perspectiva”, acreditando
ser essa situação “um dos grandes motivos para que o Brasil seja um celeiro de
marginais”. Ao acusar a falta de investimentos dos governos nas organizações
policiais como outro grande motivo para a insegurança, Joel assinalou que “não
admite” tolerância da polícia com a criminalidade. “Polícia tem o limite de sua
tolerância, caso contrário, não é polícia, e bandido tem que levar é bala na
cara pra pensar duas vezes antes de ser bandido”, exaltou.
O pronunciamento recebeu a reprovação até da bancada evangélica, da qual
Joel é integrante, tendo parlamentares governistas e oposicionistas, na Casa,
formado fila para repudiar os termos e condenar o pensamento militarista. “Sou
uma educadora, não posso aceitar a apologia à violência, numa sociedade que já
desrespeita os direitos humanos. Polícia é para proteger o ser humano”,
protestou a petista Teresa Leitão. “Isso é fazer apologia à violência policial.
No Estado democrático de direito, todos têm direito à defesa e ao
contraditório”, reparou Edilson Silva (PSOL).
Delegado de polícia aposentado e ex-secretário de Segurança do Estado, o
tucano Antônio Moraes definiu como “muito perigosa” a argumentação do deputado
da “bancada da bala” e um risco para o controle das corporações policiais. “Já
há episódios de grupos de extermínios, que sabe-se como começa, mas não se
conhece o fim, e são difíceis de desarticular. Matam bandido, depois matam o
cidadão e terminam no crime, assaltando e traficando”, lembrou Moraes. “Espero
que o senhor, se não renovar o mandato, não volte a ser policial, porque me
causa grande preocupação esse pensamento. Jamais defenderei o direito do Estado
tirar a vida de ninguém”, lamentou Rodrigo Novaes (PSD).
Cuidadosos nas palavras, os evangélicos igualmente condenaram a apologia
à violência. “Não concordo com tese de exterminar bandido. Sou cristão, defendo
a vida”, reparou André Ferreira (PMDB). “O que devemos debater são situações
que mudem a vida das pessoas”, aconselhou Cleiton Collins (PP). “Por trás do
bandido também tem uma família. Há possibilidade de recuperação. Há entidades
que trabalham com a ressocialização. Eu acredito que o ser humano é capaz de se
ressocializar”, ponderou Professor Lupércio (SD).
Originário da Polícia Civil, Eriberto Medeiros (PTC) pediu mais clareza
do colega de profissão e propôs outro discurso. “Seja mais claro. O senhor está
defendendo que a polícia mate bandido nas ruas? O que se deve fazer é melhorar
as condições dos presídios. Neles não há recuperação”, sugeriu o comissário de
polícia.
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