O Senado aprovou a
adoção do voto distrital nas eleições para vereador. O projeto, que ainda
precisa passar pela Câmara, muda a forma como os brasileiros elegem seus
representantes mais locais.
O texto divide as
cidades com mais de 200 mil habitantes em dezenas de redutos, que realizam
eleições separadas. O princípio é que cada bairro passe a escolher um único
vereador para chamar de seu.
Os defensores da
mudança dizem que ela aproxima a população dos políticos e reduz o custo das
campanhas, porque os candidatos passam a pedir votos em uma só região.
"Além de ser mais
simples, o sistema majoritário de fato aproxima os representantes dos
representados e permite que a campanha seja menos custosa e, portanto, mais
democrática", sustenta o senador José Serra (PSDB-SP), autor da proposta.
Os argumentos são
fortes, mas omitem muitos problemas do modelo. O voto distrital valoriza os
políticos de perfil paroquial, que atuam como despachantes de pedidos, e desestimula
a atuação independente em relação ao Executivo.
Se cada comunidade só
eleger um vereador, suas chances de continuar no cargo dependerão diretamente
da quantidade de asfalto, postes de luz ou bicas d'água que o local receber
durante seu mandato.
Isso tende a tornar a
adesão aos prefeitos quase obrigatória, prejudicando a sobrevivência de quem
faz oposição e fiscaliza o uso do dinheiro público. Os políticos que defendem
minorias ou categorias profissionais, como a dos professores, também tendem a sumir
do mapa.
Outro problema é a
redução das alternativas. Em 2012, os paulistanos puderam escolher entre 1.227
candidatos --mesmo assim, muita gente ficou na dúvida diante da urna.
No voto distrital, o
eleitor só pode escolher entre candidatos que moram em seu reduto. E quem
pensar diferente da maioria dos vizinhos verá seu voto ir para o lixo, porque
só um integrante da lista será eleito.
Fonte: Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
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