Em tempos de crise
econômica, chega a ser surpreendente constatar que a agricultura ainda tenha um
desempenho positivo. O Brasil, no primeiro trimestre de 2015, apresentou uma
evolução de 4,7% no setor agrícola, numa clara contramão aos dados negativos de
outros segmentos da economia nacional. Não fosse essa cadeia produtiva a
situação de nosso país certamente estaria bem mais deteriorada.
Ontem, foi o Dia do
Agricultor, uma data importante para refletir sobre um tema tão estratégico.
Como presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa tenho
acompanhado de perto o desafio que é a produção no campo. Viajando pelo estado
e ouvindo os representantes dos segmentos agrícolas temos percebido uma dura
coincidência nas conversas: cada dia está mais complicado desenvolver o setor
agrícola num cenário com tantas adversidades políticas, econômicas e
climáticas.
Já são mais de quatro
anos de seca que o trabalhador do campo enfrenta. O acesso à água está cada dia
mais escasso e pouco se tem visto para permitir uma convivência razoável
principalmente nas regiões mais afetadas pela estiagem como o Agreste e o
Semiárido nordestino. Infelizmente, as grandes obras de infraestrutura hídrica
estão ocorrendo a passos lentos e o pior é saber que não existe uma política
estruturada entre união, estados e municípios para enfrentar de forma
permanente a seca e outros problemas que emperram o crescimento do setor
agrícola.
Precisamos também
discutir formas de estimular a produção e subsidiar o agronegócio e a
agricultura familiar, este último responsável por 70% da comida que chega aos
lares brasileiros. Garantir acesso ao crédito com menos burocracia e juros
baixos são medidas básicas, em especial, para o pequeno produtor rural, que
nesse contexto é o agente mais sensível e que carece de maior atenção.
Investimentos em
tecnologia e pesquisa são outras ações que parecem óbvias, mas ainda estão
muito distante do dia a dia do agricultor. Por mais que se tenha evoluído nas
últimas décadas nesse quesito, basta fazer uma pequena viagem pelo interior de
nosso estado e conversar com os produtores para confirmar que ainda falta muita
capacitação técnica, acompanhamento de especialistas e acesso a insumos.
O Brasil precisa
priorizar a agricultura e os trabalhadores do campo. Temos potencial para
exportar mais e essa pode ser uma das soluções para fazer nosso país retomar o
crescimento. Mas para isso é preciso planejamento, investimento, e visão de
médio e longo prazo, qualidades que, infelizmente, se tornaram cada vez mais
raras entre os responsáveis por essas decisões.
Fonte: Assessoria Parlamentar
Nenhum comentário:
Postar um comentário