Petrolina é destaque entre os municípios ribeirinhos do Velho Chico. Com
uma forte identidade cultural, uma economia vigorosa – baseada sobretudo na
fruticultura – a cidade oferece um leque de opções de lazer, curiosidades
gastronômicas e uma vocação turística inquestionável, tendo como principal
referência o enoturismo – roteiro de visitação às principais vinícolas da
região.
Petrolina em números
Área: 4.558,537 km2
Altitude: 376 m
Bacia hidrográfica: Rio Pontal
Clima: semiárido quente
Temperatura média anual: 25,7o
Vegetação: Caatinga hiperxerófila
Distância/ Recife: 722,0 km
Distância /Salvador: 500 km
Vias de acesso: BR-232, BR-110, PE-360, BR-316, BR-428 e BR-122
Aeroporto: Senador Nilo Coelho
Fundação
Petrolina foi fundada em 1870. Tudo começou quando o frei capuchinho
italiano Henrique, que realizava pregações missionárias pelos povoados
ribeirinhos do rio São Francisco, resolveu construir na região uma capela
dedicada a Nossa Senhora Rainha dos Anjos. A construção iniciou-se em 1858 e
foi concluída em 1906. Teria sido este o marco inicial de Petrolina? Há
controvérsias. O certo é que Nossa Senhora Rainha dos Anjos virou padroeira da
cidade e é até hoje festejada por toda a população local.
População
Pelo Censo de 2010 são 293.962 mil moradores. Já as estimativas para
2014 apontam um crescimento de mais de 10%. O fato é que Petrolina concentra o
maior contingente populacional do curso do rio São Francisco, comparado apenas
à região metropolitana de Belo Horizonte, que ultrapassa os dois milhões de
habitantes, embora não esteja na calha do Velho Chico. Somados os moradores da
vizinha Juazeiro (estimados em 216 mil em 2014), a população de Petrolina
representa o maior aglomerado urbano do semiárido brasileiro.
Batismo
Não, Petrolina não tem nada a ver com petróleo. O nome da cidade é, na
verdade, uma homenagem ao imperador D. Pedro II, que ocupava, à época de
fundação da cidade, o trono do Brasil. Há uma versão segundo a qual o topônimo
seria uma dupla homenagem, com a junção do nome do imperador, em sua forma latina
(Petrus), ao da imperatriz Tereza Cristina, resultando em Petrolina. Outra
versão sugere que o topônimo teria sido derivado de “pedra linda”, expressão
dada a uma pedra que havia na margem do rio São Francisco, ao lado da matriz, e
que foi utilizada nas obras de cantaria da catedral local, um dos maiores
monumentos históricos da cidade.
Apelidos
Califórnia Sertaneja, Capital do São Francisco, Capital da Uva, Capital
das Frutas. Esses são alguns dos apelidos que a cidade ganhou através dos
tempos, expressando a sua importância econômica para a região e para o Estado
de Pernambuco.
Clima
A fama que corre é que Petrolina é a sétima cidade mais quente do país.
Mas a temperatura média anual gira em torno de 26,3 o C, com verões quentes e
úmidos e invernos mornos e secos. O clima petrolinense é classificado como
semiárido quente, caracterizado pela escassez e irregularidade de chuvas, assim
como pela forte evaporação, por conta das altas temperaturas. Novembro é o mês com maior temperatura média
máxima (34oC), enquanto julho é o mais frio (24,1oC).
Rio São Francisco
Efetivamente ribeirinha, Petrolina tem 96 quilômetros de sua extensão
banhados pelo rio São Francisco. Também lá o rio sofre com a poluição e
assoreamento, apesar de emoldurar a bela orla da cidade. Somente o município
despeja cerca de 300 litros de esgoto bruto por segundo nas águas
são-franciscanas. A boa notícia é que a prefeitura local pretende inaugurar uma
nova estação de tratamento ainda este ano, prometendo a redução dos efluentes
em pelo menos 90%.
Ponte
A conexão com a cidade baiana de Juazeiro, que fica do outro lado do
rio, é feita pela ponte Presidente Eurico Gaspar Dutra, inaugurada em 1954, com
cerca de 800 metros de extensão. Por ela, passam pedestres e carros. Ao lado
dela, barcas realizam a travessia de pessoas e mercadorias.
Ilhas
Entre Petrolina e Juazeiro está a Ilha do Fogo, de propriedade do
Exército Brasileiro, alvo de reivindicação da população local, que exige livre
acesso para lazer e pesca. Outras ilhas fluviais servem de lazer e diversão,
além de prática de esporte, com rico potencial turístico. É o caso de
Massangano, do Balneário de Pedrinhas e da Ilha do Rodeadouro, que pertence à
vizinha Juazeiro, mas é muito frequentada por petrolinenses e turistas em
visita à cidade.
Economia
Nos primórdios, Petrolina era conhecida como “Encruzilhada do
Progresso”. Motivo: a cidade virou passagem obrigatória para o Norte do Brasil
e via de escoamento para o Centro Sul do país. Sua dinâmica econômica atual
comprova a pertinência do título, especialmente após os investimentos na
agricultura irrigada, a partir da década de 1960, que possibilitou o
desenvolvimento dos potenciais agrícolas da região do Vale São Francisco,
fazendo de Petrolina um dos destaques da economia pernambucana.
Atualmente cultiva-se 1 milhão de toneladas de frutas com safras
avaliadas em U$ 1,3 bilhão de dólares, sendo responsáveis por 30% de toda a
economia da cidade. A fruticultura transformou não só a paisagem local, mas a
vida de 800 mil pessoas que trabalham no setor. Petrolina é a segunda maior
produtora de uvas do país, além de um dos polos nacionais de produção de manga,
coco, acerola e goiaba. Boa parte dessa produção destina-se ao exterior.
Enoturismo
Além de exportada in natura, a uva garante a produção recorde de 7
milhões de litros de vinho por ano. É a base também para o enoturismo,
responsável pelo crescente fluxo turístico no Vale do São Francisco, tendo como
alvo a visitação às diversas vinícolas da região a partir de Petrolina e
Juazeiro. Em Pernambuco, as vinícolas estão distribuídas nas cidades vizinhas
de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, mas o roteiro pode incluir também a
cidade baiana de Casa Nova. A visitação pode ser feita com automóveis de
passeio, ônibus e vans de turismo.
Existe também a opção do “Vapor do Vinho”, que recria a velha tradição
hidroviária do rio São Francisco. A bordo da barca Rio dos Currais, o visitante
conhece o Lago de Sobradinho, maior reservatório brasileiro; a Fazenda
Fortaleza, onde é possível provar o doce sabor das mangas tommy e, finalmente,
a vinícola Ouro Verde, para degustar e aprender detalhes sobre a produção dos
vinhos, espumantes e brandy da marca TerraNova/Miolo.
Aeroporto
Inaugurado em 1981, o Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho possui
a segunda maior pista de pouso e decolagem do Nordeste – 3.250 metros de
extensão. Em consequência, recebe grandes aviões cargueiros e de passageiros, o
que faz de Petrolina o segundo portão de entrada por via aérea de Pernambuco. O
terminal de cargas, com 2mil m2, está preparado para atender à demanda de
exportação de frutas da região para diversos países do mundo. O aeroporto
também é responsável por reforçar o turismo de lazer e de negócios na cidade,
atraindo milhares de visitantes.
Vapor
Sede do Centro de Informações Turísticas de Petrolina, o Vapor Saldanha
Marinho é uma atração à parte na orla da cidade. Embarcação centenária, foi a
primeira movida a vapor a navegar pelo Velho Chico, no século XIX. Nos idos de
1871, fazia a importante rota Pirapora–Juazeiro, transportando mercadorias e
passageiros.
Geraldo Azevedo
Cantor, compositor e violonista, divulgador da música nordestina e
defensor do Velho Chico. Geraldo Azevedo é mais do que o artista mais conhecido
de Petrolina, onde nasceu. É uma referência cultural da maior importância. Aos
70 anos, está em plena atividade, cantando a cidade e desconstruindo padrões:
na canção Petrolina e Juazeiro, que gravou com o baiano Moraes Moreira, desfaz
com poesia o que poderia existir de desavença entre as duas cidades: De todo
lado é bonito / São dois estados de espírito / No meio fico e não nego / Navego
no Velho Chico.
Orquestra Sanfônica
Uma sanfona já vale o espetáculo. Que dirá várias. Criada em 2012, a
Orquestra Sanfônica de Petrolina vem mantendo viva a musicalidade petrolinense,
com apresentações distribuídas pelo calendário festivo da cidade. Reúne
veteranos sanfoneiros da região, unidos pela música e pelo gosto de tocar este
instrumento vital para a cultura nordestina. Uma curiosidade: a orquestra
nasceu em meio à celebração do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, uma
das maiores referências da música popular brasileira, orgulho de Pernambuco e
de todo o Nordeste.
Gastronomia
Petrolina une características de sertão e de orla fluvial. Isso é mais
do que evidenciado na gastronomia da cidade, que se divide entre a carne de
caprinos (bodes e carneiros) e os pescados. Para os interessados em saborear os
peixes do Velho Chico, a opção são as ilhas ao redor da cidade, como a de
Pedrinhas, a 33 km, ou do Rodeadouro, a 15 km, onde fazem sucesso espécies como
o surubim e a tilápia, ambas servidos assados na brasa, acompanhados de farofa
e macaxeira. Já para os carnívoros, todos os caminhos levam ao “Bodódromo”, na
Avenida São Francisco, bairro de Areia Branca. O espaço ao ar livre conta com
cerca de dez restaurantes, mas o cardápio da maioria não inclui a carne do
animal mais popular da caatinga. O bode foi substituído pelo carneiro,
oferecido em receitas triviais e excêntricas, em forma de linguiças, kakfas,
buchadas e pizzas.
Artesanato
As carrancas que protegem as embarcações que navegam pela bacia do rio
São Francisco também servem de inspiração artística. A Oficina do Artesão
Mestre Quincas oferece carrancas dos mais diversos materiais, formatos e
tamanhos. A maioria é feita de madeira, algumas ecologicamente corretas. O
espaço é, na verdade, um grande centro produtor de artesanatos diversos, a
partir de materiais como madeira, barro, tecidos. Há brinquedos e objetos de
decoração, roupas e patchwork. Administrado pela Associação de Artesões de
Petrolina, que conta com 80 integrantes, o local homenageia Joaquim Correia
Lima, apelidado de Mestre Quincas, nascido em 1895 na vizinha Juazeiro e
considerado o primeiro artesão de Petrolina, onde viveu e morreu afogado nas
águas do Velho Chico.
Ana das Carrancas
Ana Leopoldina Santos (1923–2008) inovou e criou um estilo próprio ao
esculpir suas carrancas no barro que retirava do rio São Francisco. Ana das
Carrancas, como ficou nacionalmente conhecida, nasceu em Santa Filomena (PE) e
aprendeu com a mãe a trabalhar com o barro. Quando criou as carrancas, sofreu
críticas e zombarias, mas persistiu. Ganhou reconhecimento e mercado para a
comercialização das suas peças, que hoje, após sua morte, são produzidas pelas
filhas Ângela e Maria da Cruz. A marca registrada é a carranca de olhos vazados
(criada por Ana em homenagem ao marido cego). O espaço cultural possui um
memorial que conta a trajetória da artesã, que já recebeu títulos como
Patrimônio Vivo de Pernambuco – 2006, Cidadã Petrolinense – 2000 e a Ordem do
Mérito Cultural, honraria oferecida pelo Governo Brasileiro em 2005 pelas mãos
do presidente Lula e do então ministro da Cultura, Gilberto Gil.
*Esta matéria foi veiculada na Revista do Comitê da Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco CBHSF | Nº 06 | MAI 2015. Para ler a revista completa,
acesse.
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